Resumo: O presente artigo examina o texto de Hebreus 6.4-8, utilizando-se de instrumentos exegéticos para analisar as hipóteses de interpretação levantadas acerca dessa complexa passagem que faz parte da composição literária de Hebreus, definida pelo autor da mesma como “palavra de exortação” (13.22) e considerada pelos estudiosos um escrito cujo estilo é muito elevado dentre a literatura neotestamentária. Por essa razão, leva em conta o vocabulário próprio de Hebreus, com toda sua linguagem dualista e sacrificialista, as circunstâncias do autor e seus leitores, e seu modo singular de repensar o Antigo Testamento a partir de uma interpretação que se aproxima à tradição alexandrina ligada à Filo, para elucidar o texto objeto do estudo. Analisa ainda as expressões gregas que compõem a passagem a fim de entender a identidade, condição e limitações daqueles ali considerados “iluminados em queda”.

Palavras-chave: Hebreus, soteriologia, iluminados.

1. Introdução

A problemática que envolve o texto de Hb 6.4-8 (de forma mais específica 6.4-6) está ligada a inegável singularidade do livro de Hebreus. Para Fiorenza, “nem a exegese histórico-crítica conseguiu lançar um pouco de luz nas sombras que envolvem a sua formação e a sua origem”.1 Esse texto enigmático não possui dificuldades apenas relacionadas ao “grego literário” (um estilo muito elevado comparado ao estilo dos melhores escritos gregos e superando a linguagem fina e culta do Evangelho de Lucas2) ou à autoria e procedência. A complexidade de Hebreus tem a ver também com sua natureza, ou seja, é uma carta? É uma homília? Os primeiros versículos de Hebreus se aproximam mais do estilo dos ditos de sabedoria do que das tradicionais aberturas das epístolas, contendo a identificação usual do remetente, apresentação dos destinatários, saudações, ações de graças, etc.:

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.” (Hb 1.1-4)

Em 13.22b encontramos: “eu vos escrevi resumidamente”, que aparece assim mesmo no texto grego, sem nenhuma referência à carta ou epístola. “Foi dito muitas vezes que Hebreus começa como um tratado, continua como um sermão e termina como uma carta”.3 O próprio autor chama seu escrito de “palavra de exortação” (13.22a.: tou lógou tês paraklêseos). Para Ben Witherington III “é provável que seja uma homília”4 , e Donald A. Hagner o chama de “sermão exortativo”5.

Hebreus, com seu caráter parenético-pastoral, conta com a eloquência formidável de um pregador usando uma linguagem “sacrificialista” para combater o “sacrificialismo”, não com a pretensão de conduzir uma polêmica cultual antijudaica, mas renovando e infundindo novo vigor à lealdade à fé cristã — aparentemente já adormecida — de seus leitores, fazendo com que o livro não seja necessariamente um tratado doutrinário, mas uma “palavra de exortação” — como o próprio autor o chama em 13.22 — envolvendo temas relacionados ao sacerdócio e ao sacrifício.

Na ótica de MacArthur, é necessário compreender que “três grupos básicos de pessoas estão em vista em toda esta epístola. Se não mantiver um destes grupos em mente, o livro se torna bastante confuso.”6 Em linhas gerais, os leitores eram judeus, que mantinham uma compreensão razoável da Torá, e pelo menos parte desses judeus devia ser composta de “cristãos de terceira geração”7. Todavia, o texto parece estar endereçado basicamente a três grupos dentre esses judeus (ou hebreus), ou seja, um primeiro composto por judeus que eram cristãos de fato; um segundo, composto por judeus não cristãos que estavam intelectualmente convencidos; e, um último, composto por judeus não cristãos que não estavam convencidos. Talvez, se seguirmos a compreensão de MacArthur, “aqui está a base crítica para a compreensão da epístola, e é aqui onde as pessoas frequentemente se confundem, especialmente na interpretação dos capítulos 6 e 10”.8

Todavia, a “hipótese da diversidade” entre os leitores de Hebreus, proposta por MacArthur, dificilmente pode ser atestada a partir do exame do próprio texto9. Em 13.24 o autor pede que os seus destinatários saúdem aos seus líderes e demais membros da Igreja, o que pode indicar que a epístola não fora dirigida a uma comunidade ou igreja local como um todo (muito menos à sociedade hebraica), mas a um grupo ou, até mesmo, uma família. A partir daí tornariam mais compreensíveis as elevadas exigências espirituais que espera conscientemente de seus leitores (cf. 5.12-14). É possível que justamente esse grupo, que segundo Guthrie era composto de pessoas com um maior “calibre intelectual”10, estivesse abandonando a congregação (10.25) e tendo dificuldades com a liderança local (13.17). Longe de ser uma carta universal direcionada a judeus cristãos em geral, trata-se de um texto encaminhado a um “grupo específico para satisfazer uma necessidade específica”.11

Sobretudo, é preciso manter claro na mente que “o clima em que se move o pensamento de Hebreus deve situar-se no mundo judaico-helenístico, de cujo sincretismo se aproveita para reinterpretar e reformular o querigma cristão”.12

2. A hipótese de uma herança alexandrina

Hebreus é um documento marcado por uma elevada cristologia centralizada no sofrimento vicário e na obediência de Cristo, recorrendo a uma linguagem tipicamente “dualista”, como encontrada nos escritos joaninos. Considerado um “tratado cristológico” tem sido visto por estudiosos como um texto afinado com Filo de Alexandria, um contemporâneo de Jesus13. Este, como filósofo neoplatônico (viveu entre 20 a.C. e 50 d.C.), “harmonizou e sistematizou a filosofia grega e a teologia dos hebreus em um sistema compacto e bastante consistente de crenças e práticas religiosas”14 e desenvolveu uma “perspectiva singular a respeito de arquétipos e cópias terreais”15 para repensar o Antigo Testamento a partir de uma interpretação “alegórico-espiritualística”16.

Cabe lembrar que Hebreus recorre muitas vezes a uma exegese mais tipológica, atentando-se para pessoas, eventos, lugares e instituições como objetos da sua exegese e não apenas aos textos aos quais o escrito se refere, como por exemplo, o “tractatus de fide de Hb 11, um catálogo de figuras veterotestamentárias em sua maioria, que tem o propósito de demonstrar o que é fé”.17 Hebreus cita o Antigo Testamento de um jeito que remete ao modo de expressar-se das sinagogas helenísticas, fazendo “falar Deus, Cristo, o Espírito Santo, como sujeitos diretos”18 sem determinar de modo exato o autor ou a fonte da citação, o que pode indicar certa coerência com a ênfase dada no primeiro verso do texto acerca das variadas formas como Deus fala (cf. 1.1-2), além de demonstrar considerável independência do seu contexto histórico, somada ao emprego de tradições cristãs litúrgicas.

Outros escritos cristão-primitivos como 1Clemente e Barnabé (documento preservado na íntegra no codex sinaiticus) também pertencem a tradição Alexandrina ligada a Filo e chamada por alguns estudiosos de “escolasticismo cristão-judaico”. Todavia, quando comparado a eles, Hebreus tem bem mais semelhança com Filo no modo de pensar do que aqueles. “Os estudos mais recentes mostram em todo caso que, do ponto de vista histórico-comparativo das religiões, Hebreus se encontra num complexo sistema de referências em que alternativas simplórias não bastam.”19


3. Iluminados em queda: Hebreus 6.4-6

Os problemas na compreensão de Hebreus 6 acaloraram ao longo dos anos a discussão soteriológica e uma quantidade muito significativa de interpretações do texto tem surgido. Sendo, como na concepção de Barclay, “uma das mais terríveis passagens nas Escrituras, que começa com uma espécie de lista dos privilégios da vida cristã”20 , sem dúvida essa é uma das porções neotestamentárias que mais tem desafiado os estudiosos.


A. A identidade dos iluminados

A identidade daqueles que o autor de Hebreus tem em mira na passagem precisa ser identificada. Eles são descritos “em cinco orações subordinadas consecutivas”21, identificados como “aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro” (cf. Hb 6.4-5). Deve-se notar, no entanto, que o autor distancia tais declarações dos seus leitores, ou seja, se tais características descrevem o grupo para o qual ele escreve, o faz discretamente e de modo muito indireto. Observe que no final do capítulo 5 o texto foca diretamente os leitores originais:

“A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido.” (cf. Hb 5.11-12)

Após o texto alvo de nosso exame aqui, o autor se volta novamente de forma mais direta aos destinatários de sua parenética: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (cf. Hb 6.9). Não que a experiência em pauta não seja a dos leitores, mas que o autor se utiliza da experiência “daqueles”, que parecem pessoas imaginárias como meio de ilustrar, para exortar a vida “destes”, a quem o texto é endereçado. Assim, deve-se entender que a decisão do escritor foi a de não declarar abertamente que os seus leitores originais haviam caído e estavam impossibilitados de serem renovados para arrependimento, e sim, de despertá-los para um perigo iminente e motivá-los à perseverança na vida cristã. Todavia, ainda que a queda não fosse a experiência plenamente concreta daqueles leitores, o autor admitia tal possibilidade, seja na vida destes ou de quaisquer outros.

No juízo de MacArthur, “devemos notar que esta passagem não faz qualquer referência a salvação de todos. Não há menção de justificação, santificação, novo nascimento, ou regeneração. Daqueles que uma vez foram iluminados não se falou de como nasceram de novo, se fizeram santos, ou foram feitos justos”22. Para ele, nenhuma terminologia habitual do Novo Testamento para salvação é aqui usada. Assim, conclui que a “iluminação aqui falada tem a ver com a percepção intelectual do espiritual, a verdade bíblica”23. Chafer também considera que as expressões utilizadas no texto são “sem dúvida (...) totalmente inadequadas para descrever o verdadeiro filho de Deus”24.

Todavia, é preciso levar em conta que Hebreus tem o seu “caminho próprio” no que tange ao vocabulário e que o autor, com toda sua enérgica pastoral, “está ansioso pelo bem-estar final de seus leitores”25 demonstrando claramente que deseja vê-los restaurados do estado em que naquele momento se encontravam. Encontramos a expressão “iluminados” (photizo, que conta com 11 ocorrências no NT) outra vez em Hebreus 10.32 aplicada diretamente aos leitores: “Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos”. Nesse contexto, a expressão parece estar relacionada à experiência concreta de fé em Cristo, o que não é de forma alguma uma ideia estranha ao Novo Testamento se for observado textos como João 1.9, Efésios 1.18 e 2 Timóteo 1.10. Ademais, segundo o Apóstolo Paulo em Atos, sua vocação apostólica às nações tinha por propósito “lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (26.18). Assim, a iluminação da qual Hebreus trata “não pode de forma alguma ser confinada a uma mera convicção ou um entusiasmo religioso temporário”.26

Ser “iluminado”, mesmo antes do Novo Testamento e a parte do contexto judaico-cristão, indicava uma experiência e uma relação com o universo das divindades que, mormente estava relacionado à metáfora da luz. Na antiga religião grega, sustentava-se a crença de que os deuses viviam num mundo de brilho, justamente no mundo de onde Prometeu furtou o fogo. “Corridas com tochas eram feitas como parte da veneração cultual dos deuses, e, em certas seitas de mistérios, o efeito purificador e refinador do fogo (como o da água) desempenhava um papel de destaque”.27

Posteriormente, o gnosticismo tornou-se religião da luz, pois “via uma diferença básica e essencial entre a luz e as trevas que se opunham mutuamente como potências hostis, sendo que cada uma era suprema na sua própria esfera”28 , sendo a luz considerada matéria de outro mundo que se derramava sobre as pessoas desejosas de recebê-la, libertando-as das trevas e fazendo-as ter contato com o mundo sobrenatural ao qual realmente pertencem para alcançar a verdadeira vida.

Finalmente, também é importante considerar que no segundo século, “pelo menos na época de Justino, a palavra ‘iluminado’ veio a ser usada como sinônimo de batismo”29 e parece ser esta a razão pela qual a versão “peshita siríaca” traduz a expressão como “aqueles que de uma vez por todas desceram ao batismo” 30. Champlin ainda considera que o uso de “iluminação” em alusão ao batismo, era bastante comum na época de Tertuliano (160-220 a.D.), “talvez como termo tomado por empréstimo das religiões misteriosas, que assim denominavam seus ritos de abluções e lavagens”.31

As demais expressões “provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro” (cf. 6.4-5) só não podem ser entendidas como descrição de uma experiência cristã concreta com relativo esforço. Em 3.1, o autor de Hebreus chama seus leitores de “santos irmãos” (adelfoi hagioi), reconhecendo-os como cristãos genuínos e ali afirma que eles foram participantes da “vocação celestial” (kleseos epouraniou), expressão essa que lembra “dom celestial” (doreas epouraniou) que o grupo chamado de “aqueles” em 6.4 provou, sendo que o termo metochos, traduzido como “participantes” é o mesmo utilizado na próxima expressão relacionada ao Espírito Santo.

A afirmação de que “provar” tanto o dom celestial, quanto a boa palavra e os poderes do mundo vindouro significa tão somente “sentir o gosto ou experimentar” e não uma experiência cristã vivenciada na sua totalidade e de forma plena, parece não levar em conta a semântica deste verbo no próprio escrito de Hebreus. É certo que o verbo provar (geuomai) traz esse sentido de um experimento parcial e não completo, como se pode ver em Mateus 27.34, em que aqueles que crucificaram Jesus “deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber”. Mas em Hebreus 2.9 o mesmo verbo é utilizado para afirmar que a Jesus convinha que, “pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem” e, evidentemente, a morte é um estado impossível de ser pensado como um experimento de modo parcial (cf. também João 8.52). Além disso, deve-se considerar que geuomai, segundo Champlin (citando Moffatt), é uma “metáfora grega helenista contemporânea para indicar experiência” e “o termo provar, nos escritos rabínicos, significa ‘participação’, ‘experiência em’,”32 o que impõe mais dificuldade à aceitação de uma interpretação que proponha apenas um contato superficial ou uma experiência rasa das pessoas que o autor de Hebreus tinha em mente. No Antigo Testamento, na maioria das passagens, geuomai é usada no sentido literal e encontramos poucas ocorrências da palavra no sentido figurado, mais precisamente em três: Sl 34.8; Jó 20.18 e Pv 31.18. “No AT, o sentido figurado sempre expressa o elemento da experiência. Traduz o Heb. tâ‘am, ‘provar’, ‘perceber’.”33

Um último termo a ser considerado na composição da descrição da experiência daqueles a quem o autor de Hebreus se refere em 6.4-5 é “participantes”. É dito que eles “se tornaram participantes do Espírito Santo”. Como já mencionado acima, a expressão grega utilizada foi metochos (participante), um termo quase exclusivo de Hebreus que conta com cinco ocorrências (2.14, 3.1, 3.14, 6.4 e 12.8), havendo apenas mais uma em todo Novo Testamento34, em Lucas 5.7, traduzido como “companheiros”. A palavra possui “uma ampla gama de significados e pode sugerir participação e apego bem íntimos, ou então meramente uma associação mais tênue com a outra pessoa ou pessoas citadas”.35 Além de 3.1 onde se considerava os leitores “participantes de uma vocação celestial”, encontramos em 3.14 o autor dizendo que “temos tornado participantes de Cristo” (metochoi toû christoû), o que dificilmente torna a descrição a que se refere 6.4 de pessoas que, sem uma experiência mais profunda com a fé cristã, apenas “se associaram ao Espírito Santo”, isto é, tiveram da parte dele alguma influência. O verbo metecho, segundo Eichler, “se emprega virtualmente como sinônimo de koinoneo”36, verbo amplamente usado no Novo Testamento para expressar comunhão, sociedade e parceria (cf. por exemplo 2Co 6.14, em que se usa a forma substantiva de koinoneo — “koinonia”).

Portanto, parece razoável concluir que o autor de Hebreus usou uma terminologia em 6.4-5 que no seu contexto imediato caracterizava fé genuína e experiência real com o cristianismo daquela geração justamente por conhecer o mortiço estado da fé em que se encontravam seus leitores. Quanto a este estado de fé, Elizabeth Fiorenza o resume muito bem:

“As mãos se entorpeceram, os joelhos se enfraqueceram (12.2). Os cristãos, que já deviam ser ‘mestres’ e, como adultos, capazes de distinguir o bem e o mal, tornaram-se tardos para ouvir e têm necessidade de serem novamente instruídos nos rudimentos da palavra de Deus (5.11-14). O sofrimento e a perseguição, a dificuldade em divisar o caminho a trilhar e, sobretudo, a incompreensibilidade e aparente ineficácia da mensagem, na qual creem, fizeram vacilar a sua firme confiança e convicção (12.12). A comunidade corre, pois, o risco de recusar o oferecimento da graça de Deus, de prevaricar (6.6) e de perder, como Esaú, os direitos de primogenitura (12.16). A ameaça, como se vê, não é constituída pela pressão positiva de alguma heresia agressiva ou pela fascinação do culto judaico, mas pela atrofia geral da fé e pelo conformismo, que a acompanha: a tensão escatológica da primeira geração se afrouxou, o ativismo da primeira hora esmoreceu. Tentam de novo inserir-se no mundo e conformar-se com ele. O autor procura, como “pastor”, trazer remédio a essa fraqueza profunda da comunidade na sua fé e, para isso, exorta e censura, adverte e ameaça, louva e promete, mas também, e sobretudo, analisa a situação com profunda agudeza teológica, para manifestá-la aos leitores.”37


B. A condição dos iluminados

Aos leitores, “cuja fé entrou em crise por causa da contradição entre realidade vivida e crida”38, o autor de Hebreus escreve que há uma impossibilidade de renovar para arrependimento “aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro” porque os tais experimentaram uma queda, isto é, “caíram” (do grego parapipto).

Kistemaker considera que “este composto no aoristo ativo particípio [parapesóntas, de parapipto] ocorre uma vez no Novo Testamento (... e) é um sinônimo do verbo apostenai (desviar-se) em Hebreus 3.12”39 aparecendo na LXX duas vezes em Ezequiel 14.13 e 15.8, sendo traduzido geralmente nas versões em português por “rebeldia” ou “graves transgressões”. Por se tratar de uma ocorrência única, é natural encontrar certa dificuldade por entender o uso do verbo aqui. No entanto, a expressão faz parte do grupo de palavras cuja raiz é pipto, verbo utilizado até mesmo na descrição de colapsos de construções (cf. Hb 11.30). Em 4.11, o leitor é exortado a se esforçar para entrar “naquele descanso” para que, fugindo daquele exemplo negativo de Israel desobedecendo a Deus no deserto, “ninguém caia (pipto)”. Uma vez que parapipto é usada como equivalente de apostenai — de onde se deriva nossa palavra apostasia — entender a queda como “deserção da fé” parece ser consensual entre os estudiosos do Novo Testamento.

Todavia, tal queda não deve ser tomada numa esfera hipotética, traduzindo o particípio grego como condicional, mas seguir a forma como o autor se expressa mediante uma série de particípios por todo o texto (“foram iluminados, provaram, tornaram”, etc.) que comumente se traduz no passado. Desse modo, devemos adotar a tradução “caíram” mesmo e não “se caírem”. Lightfoot conclui que “parece mais razoável, portanto, que o autor esteja descrevendo uma condição que ele considera perfeitamente possível, apesar de persuadido ‘das cousas que são melhores’ com respeito a seus leitores (v. 9)”.40


C. A impossibilidade de renovação dos iluminados

Acerca daqueles apresentados pelo autor de Hebreus como “iluminados, e que provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro” e caíram (parapipto) de fato, apostatando da fé cristã, como já abordamos acima, é dito ser “impossível” (adynaton) renová-los para arrependimento.

Na verdade, adynaton é o ponto de partida do texto. O verso 4 se inicia com a expressão para compor uma frase consideravelmente longa que se estende até o verso 6. É por essa razão que as versões em português trazem diferenças no modo de construção dessa extensa passagem. A versão do Almeida Revista e Atualizada (ARA) precisou repetir a expressão “impossível” no verso 6 para facilitar ao leitor a compreensão: “É impossível, pois, (v. 4) ... sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento” (v. 6). A Nova Versão Internacional (NVI), por sua vez, jogou a expressão “impossível” para o verso 6, reorganizando totalmente a forma em que o texto grego se expressou: “Ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, (v. 4)... é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento” (v. 6). A versão do Almeida Revista e Corrigida (ARC) preservou como no texto grego, mantendo “é impossível” apenas no verso 4.

O importante nesse caso é a compreensão de que adynaton aparece uma vez apenas no verso 4 e trata-se da primeira palavra da passagem e que o complemento ou a exposição acerca do que o autor de Hebreus considera “impossível” está no verso 6. Desse modo, o adjetivo adynaton (impossível) está ligado ao infinitivo anakainizein (renovar), separados tanto pela descrição daqueles aos quais é impossível uma renovação, quanto pela causa em que existe tal impossibilidade, ou seja, é porque caíram. Tudo isso eleva a importância de adynaton na passagem, pois ao que parece, o autor de Hebreus ao escrever desse modo quis de forma enfática chamar a atenção para tal impossibilidade.

A expressão adynaton pertence à família de palavras gregas que tem sua origem em dynamis (poder), tendo o sentido de “impotente”, “sem poder”, utilizada para apontar para um fato insólito e improvável na natureza, como a incapacidade para andar do coxo de nascença em Listra, curado por Paulo em Atos 14.8. Por 4 vezes o autor de Hebreus se utiliza dessa expressão: 6.4; 6.18; 10.4 e 11.6. Dentro do mesmo capítulo 6, no verso 18, adynaton foi usada em contraste a “não permanência” dos iluminados (6.4) e denotando a impossibilidade de haver em Deus tal “não permanência”, por ele se mostrar sempre fiel.

O verbo anakainizein que junto à metanoia (v. 6) compõe a expressão “renovar para arrependimento”, sendo este o escopo do que é impossível, ocorre tão somente aqui em 6.6 em todo Novo Testamento. O verbo mais próximo deste é anakainoo que ocorre no NT apenas em duas passagens e, em ambas na voz passiva. Em 2Coríntios 4.16, Paulo escreveu que “o nosso homem interior se renova de dia em dia” e em Colossenses 3.10 que “vos revestistes do novo homem que se refaz [ou se renova]41 para o pleno conhecimento”.

No caso de anakainizein, o verbo está no infinitivo presente e na voz ativa, fazendo com que a melhor opção de tradução permaneça assim: “renovar para arrependimento” e não: “ser renovado para arrependimento” ou “renovar-se para arrependimento”. Não estamos afirmando que a preferência do autor pela voz ativa neste caso significa que desejasse dizer que aos iluminados, por eles mesmos, fosse impossível a renovação, mas tão somente que sua opção nos parece ter a intenção de evitar transparecer que seja impossível “serem renovados” por um agente externo (e, sem dúvida, Deus!) ou “se renovarem” a partir de uma iniciativa própria de mudança interna.

Desse modo, alguns estudiosos têm notado que o infinitivo anakainizein não tem sujeito e até sugerem a adição de palavras para cunhar um sentido. No entanto, adynaton (nominativo na voz ativa que pode fazer a função de sujeito) acaba funcionando como sujeito da renovação, querendo ele somente dizer que é “impossível renovar”, não porque Deus não possa fazê-lo ou porque os iluminados não tenham condições em si mesmos para uma mudança de opinião, mas que em face das próprias circunstâncias torna-se impossível uma transformação. Tais circunstâncias estão descritas a seguir, ou seja: “visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.” Lightfoot pondera que “existe uma linha além da qual, quando ultrapassada pelo indivíduo, ele não pode ser recuperado”.42 Pessoas com uma fé genuinamente cristã podem tomar caminhos sem volta, a semelhança de Himeneu43 e Alexandre, os quais Paulo “entregou a Satanás, para serem castigados” (cf. 1Tm 1.20), pois certamente estavam dentre aqueles que “tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé” (1Tm 1.19). Os leitores originais de Hebreus já haviam sido alertados acerca desse perigo:

“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos.” (3.12-14)

É necessário, pois, que haja um entendimento de que metanoia não precisa ser tomada rigidamente, relacionando-a a experiência salvífica. As preocupações do autor de Hebreus parecem estar muito mais relacionadas à vivência diária e as consequências das práticas no cotidiano, do que em divisar o destino dos leitores. Pelo conteúdo de sua parenética, pressupomos que sua inquietação tinha a ver com a desobediência (4.6-11), com a imaturidade que os caracterizava (5.11-14), com a fraqueza profunda da fé, expressa na falta de perseverança mui especialmente no convívio com a congregação (10.23-25) e com destemor e retrocesso em face da terrível possibilidade do julgamento de Deus (10.29-39). Visto que tais debilidades poderiam levá-los a um estágio vivencial, de onde encontrar o caminho de volta poderia ser algo impossível, o autor “continua exortando e requerendo, pois não considera tudo perdido e ainda pode lhes ajudar”44 já que somente “aqueles” que caíssem na apostasia é que de fato estariam totalmente impossibilitados de retornar ao caminho.


4. CONCLUSÃO:

Nossa abordagem procurou mostrar que, a semelhança da compreensão de Charles Trentham, o autor de Hebreus “estava procurando instruir os cristãos no contexto de uma situação específica”45 e, para tanto, lança mão de um vocabulário bem característico do universo do seu escrito e peculiar aos seus leitores, que primariamente precisa ser considerado na exegese, a despeito do campo semântico neotestamentário envolto nas palavras no texto objeto deste exame.

Por mais que se tenha tentado suavizar a severidade de Hebreus 6.4-6, “ao minimizar e enfraquecer a experiência anterior destes apóstatas, fazendo parecer que foram apenas simpatizantes do Evangelho”46, os indícios apontam para o fato de que o autor considerava as pessoas caracterizadas como “iluminadas” como portadoras de uma experiência genuína de fé.

Faz-se importante ter a percepção de que tais “iluminados” são “imaginários”, não no sentido de que o fato em questão fosse hipotético, mas que ainda não se tratava da experiência concreta dos leitores de Hebreus e, além da fé ter sido tomada como pressupostamente veraz, a queda também o foi. Os iluminados de fato caíram, um indício de apostasia.

Finalmente, a expressão adynaton é fundamental na compreensão do texto, pois acerca “daqueles” de fé genuína e que se apostataram, diz o autor ser “impossível” renová-los para arrependimento. Torna-se importante entender que o autor de Hebreus, presume-se que propositadamente, buscou distanciar 6.4-6 dos leitores originais, referindo-se a “aqueles” (diferente de “vós, amados”, por exemplo) porque toda sua linguagem na passagem visava “chocar” seus leitores, a fim de que não continuassem trilhando por um caminho que culminasse num lugar sem volta. A perseguição e o sofrimento tornaram sua fé anêmica, fazendo “balançar” a firme confiança e convicção na mensagem que outrora haviam aderido, o que justifica o uso de uma abordagem tão “chocante”, tendo em vista que o autor se mostra desejoso por ver seus leitores alcançarem, através de resistente perseverança, a completa cura: “Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado.” (12.12-13)

Destarte, os versos seguintes fazem analogia à frutificação: “Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (6.7-8). A associação desta passagem com João 15 torna-se inevitável, pois ali Jesus teria asseverado num discurso a seus discípulos: “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam” (João 15.6).

As considerações do autor de Hebreus em 6.4-6 teve, por meio da exposição de uma possibilidade real, impulsionar seus leitores à permanência no caminho de Deus. A partir do verso 9 seu olhar se volta diretamente para aqueles a quem estava se dirigindo como “pastor”:

“Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira. Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos. Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.” (6.9-12)

Ele sabia que seu modo de se expressar iria “chocar” o grupo em mira (observe: “ainda que falamos desta maneira”), porém, o anseio maior que movia sua exortação era fazê-los entender que o efeito do sacrifício de Jesus deveria incidir sobre a sua vida cotidiana, levando-os a uma nova relação com Deus, “relação que o culto precedente, com as suas instituições, não estava em condições de estabelecer. Por isso também esta relação não se efetua no culto, mas na prática da vida cristã”47, para qual deveriam buscar inspiração nos modelos de fé veterotestamentários (Cap. 11), imitando a conduta de seus líderes (13.7) e renunciando a segurança e a santidade que os ritos cultuais procuravam conferir para tão somente se agarrarem à esperança de uma cidade celestial e futura (13.14).

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Notas

1FIORENZA, Elisabeth in: SHREINER, J. e DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento. São Paulo: Teológica e Paulus, 2004, p. 327.
2Cf. GILLIS, Carroll Owens. Comentario sobre la Epístola a los Hebreos. Buenos Aires: Casa Publicadora Bautista, ____.
3LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1981, p. 46.
4WITHERINGTON III, Ben. História e histórias do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2005, p. 73.
5HAGNER, Donald A. Novo comentário bíblico contemporâneo: Hebreus. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 23.
6MACARTHUR, John. The MacArthur New Testament Comentary. Chicago, USA: Moody Press, 1983, p. viii.
7HENRICHSEN, Walter A. Depois do sacrifício: estudo prático da carta aos Hebreus. São Paulo: Editora Vida, 1985, p. 8.
8MACARTHUR, John. The MacArthur New Testament Comentary. p. ix.
9MacArthur faz tal distinção evidentemente para fundamentar sua posição quanto aos “iluminados” de 6.4.
10GUTHRIE, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1984, p. 18.
11LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1981, p. 31.
12SHREINER, J. e DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento. São Paulo: Teológica e Paulus, 2004, p. 330.
13"Nos tempos deste Imperador (Tibério) floresceu Filo, varão tido em máxima estima, não somente por muitos dos nossos, senão também dos gentios..." (Eusébio de Cesareia, História eclesiástica, II, 5).
14Cf. Livro de Urantia. Chicago, USA, Urantia Foundation, documento 121, p. 1338.
15HAGNER, Donald A. Novo comentário bíblico contemporâneo: Hebreus. São Paulo: Editora Vida, 1997, p. 28.
16SHREINER, J. e DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento. p. 331.
17VIELHAUER, Philipp. História da Literatura Cristã Primitiva. São Paulo: Academia Cristã, 2005, p. 274.
18SHREINER, J. e DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento. p. 331.
19VIELHAUER, Philipp. História da Literatura Cristã Primitiva. São Paulo: Academia Cristã, 2005, p. 279.
20BARCLAY, William. The Letter to the Hebrews. Filadélfia (USA): The Westminster Press, 1976, p. 56.
21HAGNER, Donald A. Novo comentário bíblico contemporâneo: Hebreus, p. 107.
22MACARTHUR, John. The MacArthur New Testament Comentary. p. 123.
23Ibid.
24CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática — vol. 3 e 4. São Paulo: Editora Hagnos, 2003, p. 289.
25HAGNER, Donald A. Novo comentário bíblico contemporâneo: Hebreus, p. 107.
26TAYLOR, Richard S. in: Comentário bíblico Beacon — vol.10. São Paulo: CPAD, 2006, p. 58.
27COENEN, Lottar e BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2004, p. 1220.
28Ibid.
29JUSTIN, Apology 1.61.65 apud: LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus, p. 145.
30Cf. CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Millenium, 1985, p. 539 e LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus, p. 145 (nota de rodapé nº 10).
31CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, p. 539.
32Ibid.
33COENEN, Lottar e BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. p. 851.
34Em Efésios 5.7 encontramos a expressão symmetochos, composta de metochos e da preposição syn [com]
35GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª Edição. São Paulo, Edições Vida Nova, 1999. p. 664-671.
36COENEN, Lottar e BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. p. 376.
37SHEREINER, J. e DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento, p. 338.
38Ibid, p. 349.
39KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Hebreus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 233.
40LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1981, p. 148.
41N.A.
42LIGHTFOOT, Neil R. Epístola aos Hebreus. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1981, p. 149.
43Em 2Tm 2.17-18, Himeneu é apontado dentre os que “se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.”
44KUSS, Otto e MICHEL, Johann. Carta a Los Hebreos e Cartas Catolicas. Barcelona, Editorial Herder, 1977. p. 112.
45ALLEN, Clifton J. (Editor Geral). Comentário bíblico Broadman – vol.12. Rio de Janeiro: JUERP, 1987, p. 60.
46TAYLOR, Richard S. in: Comentário bíblico Beacon, p. 58.
47SHEREINER, J.; DAUTZENBERG, G. Forma e exigências do Novo Testamento, p. 347.

FONTE: http://www.vidanova.com.br/teologiadet.asp?codigo=136
AUTOR: Antonio Lazarini Neto é Coordenador Acadêmico e professor de Grego, Exegese do Novo Testamento e Teologia do NT na Faculdade Teológica Batista de Campinas. Bacharel em Teologia e Mestre em Ciências da Religião, pastoreia a Igreja Batista Jardim Planalto em Nova Odessa desde 1999, sendo também autor da MK Editora (RJ).

ANDREZINHO RUPERETA

John Newton nasceu em Londres no ano de 1725. Seu pai foi um capitão. Sua mãe, uma mulher devota que ao se dar conta que a enfermidade da qual estava acometida, iria acabar com sua vida, ensinou seu filho a conhecer a bíblia, ainda bem pequeno.
Quando John Newton tinha sete anos, sua mãe morreu e ele tornou-se um filho da cabine de um barco de pesca. Suas experiências ao longo dos anos no mar eram perigosas e emocionantes, uma vez estava bêbado e tomado como parte da tripulação, foi levado a força para um navio de guerra. Lá ele foi tratado cruelmente espancado e abusado. Após esta experiência, ele se matriculou em um navio negreiro.
Durante este tempo, John se afastou do Deus de sua mãe e da Bíblia. Ele se tornou o capitão do navio, tornando-se um dos traficantes de escravos mais formidável e desprezível.
Mais tarde ele escreveu: "Eu vi muitas vezes a necessidade de ser um cristão só para escapar do inferno, mas eu amava o pecado e não queria a abandoná-lo”.
Cada ano se colocava cada dia mais, nas garras do pecado, seu estado era tão terrível, que a tripulação o desprezava considerando-o apenas como um animal.
Em uma ocasião, o capitão (John Newton) bêbado caiu ao mar, mas seus homens não fizeram muito esforço para resgatá-lo. Só jogaram uma lança que perfurou seu quadril e puxaram a corda. Ele foi resgatado como se fosse um peixe grande. Devido a este evento, John Newton ficou com um problema em uma de suas pernas, que, o fez caminhar capenga pelo resto de sua vida, mas como ele diria. "Cada passo é um lembrete constante da graça de Deus sobre este miserável pecador".
Quando ele percebeu a profundidade suas abominações, sentiu a miséria de sua vida e voltou para a fé que ele um dia tinha esquecido. Ele deu a sua vida a Cristo, e sua devoção era tão grande, como tinha sido a sua vida de pecador, na mesma intensidade que se dedicou ao pecado, dedicou-se a Cristo.
Ele deixou sua ocupação como comerciante de escravos desprezíveis e entregou-se ao ministério. Na época, ele tornou-se um clérigo anglicano. Em 1754, Newton deixou o mar. Estabelecendo-se em Liverpool, trabalhou no porto e começou a preparar-se para o ministério. À noite, depois do seu trabalho, estudou teologia, hebraico, grego e os clássicos. Lá recebeu muita influência de George Whitfield e João Wesley, e em 1758, começou a pregar. Ordenado pela igreja anglicana (com auxilio de Lord Dartmouth e a Condessa Huntington, dois evangélicos de prestigio), foi nomeado para a pequena paróquia de Onley, no Condado de Buckinghamshire, permanecendo ali por 15 anos. Ali começou em frutífero e influente ministério.Newton começou muitas inovações. Usava histórias no púlpito, especialmente a da sua conversão. Além dos cultos na sua igreja, conseguiu um auditório grande e lá ensinava as crianças, de tarde, e aos adultos à noite. Grandes multidões foram ouvir o “velho capitão” e foram alcançadas desta maneira. Outra inovação: em vez de cantar somente os salmos métricos nos cultos, como era aceitável nas igrejas anglicanas, começou a usar hinos e, querendo expressar a religião simples do coração que ele estava ensinando, começou a escrevê-los. Pediu o auxilio do seu grande amigo William Cowper. Queria ter um hinário que fosse “um livro de instrução na fé evangélica, para ser cantado, lido e decorado”. Assim, com a cooperação de Cowper, publicou a célebre coletânea Olney Hymns, em 1779, hinário ao estilo Wesley, para a qual contribuiu com 280 textos. Há um bom número dos seus melhores textos ainda em uso mundialmente, depois de dois séculos.
Newton nunca se esqueceu do seu passado. Colocou na parede do seu escritório uma placa com versículo:  
“Pois lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o Senhor teu Deus te resgatou” (Deuteronômio 15:15).
No púlpito, usava o uniforme de marinheiro – “com uma Bíblia numa mão e o hinário na outra” – isso numa igreja anglicana onde o pregador usaria beca. Achou importante relembrar a si mesmo e aos outros, o quanto a “preciosa graça de Jesus” havia feito por ele.
 Além de seu trabalho pastoral, Newton, que tinha sido um escravo desprezível, fez uma defesa abnegada contra a escravidão. Sua vida foi uma inspiração para muitos. Entre eles, William Wilberforce, um político Inglês que lutou incansavelmente para a abolição da escravatura no Império Britânico, fato que se concretizou em 1833, graças ao trabalho deste homem.
John Newton também escreveu hinos e poemas.
Amazing Grace (Admirável Graça) é realmente a história e o testemunho da vida de John Newton. A melodia AMAZING GRACE (Admirável Graça) é de origem desconhecida. Por muito tempo acreditava-se que seu primeiro aparecimento fora em 1831, na coletânea Virginia Harmony (Harmonia da Virginia), mas de acordo com um artigo no célebre periódico The Hymn (O Hino), a melodia apareceu na coletânea Columbian Harmony em 1829. O arranjo usado no usado no H.A é de Edwin Othello Excell. Publicou-o no seu hinário Make His Praise Glorious (Faça o Seu Louvor Glorioso), em 1900.
Foi em 1779, enquanto trabalhava em outro hino de William Cowper, autor de "Isto é uma fonte cheia de sangue" que ele escreveu esta jóia de hino usando como título "Fé, revisão e expectativa”.

Amazing Grace (Tradução) – Maravilhosa Graça.
“Maravilhosa graça! Como é doce o som
que salvou um pecador como eu!
Estava perdido uma vez, mas agora fui encontrado;
era cego, mas agora posso ver.
Essa graça ensinou meu coração a temer,
é a graça que alivia meus medos;
como é preciosa a graça que apareceu
no momento em que eu acreditei nela.
Terminados muitos perigos, labutas, e armadilhas,
Eu estou voltando;
Essa graça trouxe-me seguro até aqui,
e a graça conduzir-me-á para casa.
O senhor prometeu-me bondade,
sua palavra me dá esperança;
meu escudo e porção será,
enquanto minha vida existir.
Sim, quando esta carne e coração falharem,
e a vida mortal cessar,
Eu possuirei, atravessando o véu,
uma vida da alegria e da paz.
Quando nós estivermos lá por dez mil anos,
brilhando como o sol,
não teremos menos dias para louvar a Deusdo que quando nós começamos.”

Escute: Amazing Grace - Acapella - Boys II Men



John Newton, o fiel cristão anglicano, e autor de uma das mais belas músicas cristã. Passou para o Senhor em 21 de dezembro de 1807
Termino este pequeno texto com as palavras de John Newton onde ele diz:
Eu sou...
Eu não sou o que eu poderia ser, Eu não sou o que eu deveria ser,
Eu não sou o que eu gostaria de ser, Eu não sou o que eu pretendo ser,
Mas agradeço a Deus
Que não sou o que uma vez já fui.
E posso dizer
Com a graça de Deus,
Eu sou o que eu sou!"
John Newton
fonte:
Andrezinho Rupereta...


A BÍBLIA EM PORTUGUÊS
B. P. Bittencourt

 
A história da Bíblia em português é cheia de lances dramáticos e tão antiga quanto a da Bíblia inglesa, pois os primeiros ensaios de tradução datam dos tempos do rei D. Diniz (1279-1325), antes mesmo de Wyclif. A primeira porção traduzida foi os vinte primeiros capítulos do Gênesis, da Vulgata latina, pelo próprio rei D. Diniz. Mas o Novo Testamento só mais tarde foi traduzido para o português, talvez uns cincoenta anos depois de Wyclif, quando D. João I era rei (1385-1433), o qual ordenou a tradução dos Evangelhos, dos Atos e das Cartas Paulinas, trabalho que foi executado provavelmente por padres católicos e certamente da Vulgata. A publicação das porções acima do Novo Testamento se adicionou o livro dos Salmos, traduzido pelo próprio rei.
Outras traduções, sem grande importância para a história da Bíblia em português, seguiram-se. De acordo com a tradição, a Infanta D. Filipa, filha do senhor Infante D. Pedro e neta do rei D. João I, traduziu os Evangelhos do francês, O Frei Cistersence Bernardo de Alcobaça traduziu da Vulgata o Evangelho de Mateus e parte dos outros, publicando seu trabalho em Lisboa no século quinze. Em 1495 uma Harmonia dos Evangelhos foi publicada em Lisboa por Valentim Fernandes. No mesmo ano um jurista chamado Gonçalo Garcia de Santa Maria traduziu as Epístolas e os Evangelhos. Dez anos depois os Atos e as Epístolas Gerais foram traduzidos por ordem da rainha Leonora. A linguagem portuguesa destes primeiros ensaios é arcaica. Algumas destas tentativas usaram um português tão arcaico como o inglês de Wyclif.
O futuro da Bíblia em português dependia, entretanto, de João Ferreira de Almeida, nascido em Tôrre de Tavares, próximo de Mangualde, Portugal, em 1628. Seu primeiro trabalho foi a tradução do espanhol de um resumo dos Evangelhos e Epístolas. Este não foi publicado. Mais tarde (1644-1645), com dezessete anos de idade somente, ele traduziu o Novo Testamento da versão latina de Beza. Anos depois ele sente a necessidade de apresentar o Evangelho ao povo de Portugal numa tradução mais séria. Após aprender grego e hebraico, começou sua tradução do Novo Testamento tendo como base o chamado "Textus Receptus," segunda edição de 1633, publicada por Elzevir. Este trabalho ele o findou em 1670, mas a publicação só teve lugar em 1681, em Amsterdam, na Holanda, cujo título "O Novo Testamento Isto he o Novo Concerto de Nosso Fiel Senhor e Redemptor lesu Christo traduzido na Língua Portuguesa" revela o tipo de linguagem usada. Antes que saísse do prelo sua tradução, em 1° de Janeiro de 1681, Almeida publicava uma lista de mais de mil erros em seu Novo Testamento, e Ribeiro dos Santos afirma serem mais. Estes erros eram devidos ao trabalho de revisão feito por uma comissão holandesa que procurou pôr a tradução de Almeida em harmonia com a versão holandesa. Algumas razões levam-nos a crer haver sido esta uma versão pobre no dizer de Ribeiro dos Santos. O texto grego do qual ele traduziu não era bom, embora fosse o melhor do tempo. Sua linguagem não era boa não só por haver deixado Portugal muito cedo, mas também porque tentou fazer uma tradução literal, seguindo muito de perto a versão holandesa de 1637 e a castelhana de Cipriano de Valera de 1602.
Também o trabalho de revisão, como já dissemos, feito por seus colegas holandeses, piorou ainda mais seu trabalho. Os reflexos da edição de Beza são grandes.
Apesar de tudo, a tradução de Almeida encerra algumas coisas notáveis. Ela teve lugar em Batávia, na ilha de Java, milhares de quilômetros longe de Portugal. Realizou-se numa terra cuja língua oficial não era o português. Era a décima terceira tradução numa língua moderna depois da Reforma. Feita por um pastor protestante, destinava-se a um país católico, como Portugal, que só poderia receber de bom grado uma tradução do Novo Testamento feita diretamente da Vulgata. E o mais dramático lance de sua grande obra é que até hoje em terras de Portugal, do Brasil e colônias, sua tradução, que já sofreu inúmeras reformas, ainda é usada e querida.
Somente no começo do século dezoito a Bíblia inteira, na tradução de Almeida, foi publicada.
Foi Antônio Pereira de Figueiredo, filho de Mação, Portugal, onde nasceu em 14 de Fevereiro de 1725, quem realizou a primeira grande tradução da Vulgata para o português. Seu trabalho consumiu-lhe dezoito anos de esforços.
O Novo Testamento apareceu primeiro, em 1781 e a Bíblia toda, em seis volumes, pouco depois. A linguagem de Figueiredo é inegavelmente superior à de Almeida. Alguns fatores contribuíram para esta melhora. Figueiredo possuía cultura muito superior à de Almeida e ele traduzia a Bíblia e publicava seu Novo Testamento exatamente um século depois da obra imortal de Almeida. Embora revelando sensível melhora quanto ao português da tradução, Figueiredo não pode escapar aos defeitos de uma tradução que tem por base a Vulgata que, no parecer de um erudito[1] mera revisão do Velho Latim, textos antigos do Novo Testamento, vertidos do Grego, que Jerônimo usou para seu trabalho e com tendências peculiares. A tradução de Figueiredo tem sido usada pela Igreja Romana e, depois da aprovação da rainha D. Maria II em 1842, já sem os livros apócrifos, conseguiu entrada em Portugal e colônias, em publicações feitas pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
Além do trabalho de revisão proposto pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob os auspícios de duas comissões, uma em Portugal e outra no Brasil, sem frutos positivos, isto em 1886, a tradução de Figueiredo aparece em 1896 numa curiosa edição, na qual o texto latino da Vulgata surge em colunas paralelas à sua tradução portuguesa. Esta edição foi também ilustrada com cerca de mil gravuras e porque publicada sob os auspícios da Igreja Romana, incluía os apócrifos. Em 1932 nova edição sob o nome de Figueiredo foi publicada pela Livraria Católica do Rio de Janeiro, porém o texto era baseado na tradução popular do Padre Santos Farinha, com comentários baseados em vários teólogos católicos.
A primeira tradução da Bíblia iniciada no Brasil foi pelo refugiado Bispo de Coimbra, Frei D. Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, o qual publicou só o Novo Testamento em São Luís, Maranhão, em 1875, sendo o trabalho de impressão feito em Portugal.
O século vinte viu florescer no Brasil uma série grande de traduções do Novo Testamento e da Bíblia toda, tanto do lado Protestante como da Igreja Católica. Duas tentativas sem grande importância tiveram lugar. D. Duarte Leopoldo e Silva, traduz e publica os Evangelhos, arranjados como uma harmonia. Depois o Colégio da Imaculada Conceição, Botafogo, Rio de Janeiro, publica uma tradução dos Evangelhos e Atos, do francês, preparada por um padre católico, em 1904.
Os Padres Franciscanos iniciam um trabalho de versão na Bíblia em 1902 e, embora traduzindo da Vulgata, tentaram fazer um trabalho realmente crítico.
Sua edição dos Evangelhos e Atos apareceu em 1909. Estava reservada ao então Padre Huberto Rohden a primeira tradução diretamente do texto grego para o português. Isto ele o fez num trabalho começado quando estudante na Universidade de Innsbruck, Alemanha (1924-1927) e terminado no Brasil. Publicado sob os auspícios da Cruzada da Boa Imprensa, organização Católico-Romana, trazia o imprimatur do Censor e do Bispo de Santa Maria, R.G. Sul. Sua tradução, apresentando linguagem muito bela, traz ainda os defeitos de um texto base não muito firme e as tendências e preconceitos de todo o tradutor católico, o que é fácil de ser verificado num exame minucioso de sua tradução.
O trabalho do Padre Matos Soares, a versão mais popular da Igreja Romana no Brasil nos dias que correm, é realmente pobre. Traduzindo a Bíblia inteira da Vulgata, inclusive os apócrifos, seu trabalho não poderia ser dos melhores desde que o texto base de sua tradução é pobre, sendo já uma tradução latina do original grego e com tendências peculiares como já foi dito acima. Sua tradução é altamente tendenciosa e cheia de preconceitos. Ele procura intercalar entre as palavras e frases do texto bíblico palavras suas de esclarecimento que às vezes somam maior espaço que o do texto sagrado propriamente dito.
Haja vista o que se lê em II Tim. 2.13:
Se não crermos (se formos infiéis),
ele permanecerá fiel (às suas promessas),
não pode negar-se a si mesmo (deixando de nos castigar)."
As palavras entre parêntesis e em grifo são interpolações do tradutor e representam mais de cincoenta por cento de todo o texto. Estas interpolações, como no texto acima, ou em II Tim. 3.8-9, 5.9a-11, são altamente tendenciosas e procuram inculcar princípios dogmáticos de sua Igreja. Notas no rodapé como em Daniel 10.13, Marcos 8.27, 30, etc. revelam uma candura e inocência a toda a prova. Exame minucioso do texto grego e sua tradução, como, por exemplo no caso da palavra grega thusia (sacrifício), mostra o esforço que o tradutor realiza para doutrinar através de uma tradução. Esta tradução mereceu apoio papal em carta do Vaticano, datada de 1932.
A Tradução Brasileira, iniciada em 1904 por uma comissão sob a direção do Dr. H. C. Tucker, e terminada em 1917 com a publicação de toda a Bíblia, não vingou em terras do Brasil e Portugal. Entre 100 Bíblias vendidas pela Sociedade Bíblica do Brasil, somente 8 são exemplares da Tradução Brasileira, diz a Revista da Bíblia n.° 31, de 1956. A dicção portuguesa foi grandemente melhorada e as frases revelam gosto pela língua; também muitas das expressões orientais ficaram de lado.
A obra de Almeida foi coroada com a última revisão da Bíblia por uma comissão que trabalhou no Rio de Janeiro desde 1945, sob os auspícios da Sociedade Bíblica do Brasil.
Trabalho magnífico onde se melhorou sensivelmente a linguagem e a própria tradução. Mas cremos algo melhor poderia ainda ser alcançado não fora o texto grego base que serviu à revisão e a impossibilidade para aquela comissão de um trabalho crítico textual. Também uma modernização de termos expressando conceitos geográficos e matemáticos, como medidas de tempo, volume e extensão, moedas, etc. Alguns textos envolvendo questões teológicas também poderiam ter outra tradução se ventilados em atmosfera mais livre.
Todavia esta tradução exprime grande avanço e revela nossa capacidade em matéria de tradução.
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Nota:
[1] Kenyon, Frederie, Handbook to the Textual Criticism of the New Testament (Grand Rapids, W. M. Eerdmans Pub. Co.), pág. 218.

Fonte: COMO NOS VEIO A BÍBLIA? - Edgar J. Goodspeed
 
Andrezinho rupereta

COMO IDENTIFICAR UM FALSO PROFETA
Mateus 7.15-23

    Freqüentemente a Bíblia se refere aos filhos de Deus como ovelhas; os que pertencem a Deus são chamados seu rebanho. As ovelhas precisam de pastores. Um dos motivos é que as ovelhas estão classificadas entre as criaturas menos inteligentes. Uma vaca volta para casa, mas uma ovelha nunca o fará. As ovelhas parecem inclinadas a andar errantes e morreriam de fome se o pastor não as levasse às pastagens. Morreriam de sede se o pastor não as levasse às fontes para beber. Talvez tenha sido por isso que Deus nos comparou às ovelhas. Não somos independentes. Não somos auto-suficientes, Não podemos viver bem sem pastor. Se isto é verdadeiro em se tratando dos filhos de Deus, quanto mais verdadeiro é no tocante aos que nunca se tornaram rebanho de Deus, que nunca se voltaram para Aquele que podia dizer de si mesmo: "Eu sou o bom pastor" (João 10:1 1).

    Os homens estão desesperadamente perdidos, alienados de Deus. Sozinhos não podem encontrar alimento espiritual e beber das águas da salvação. Precisam de alguém que os conduza à água da vida e ao pão do céu. Uma vez que isto é verdade, desde o mais antigo registro no Antigo Testamento, Deus enviou profetas aos homens. Os profetas foram pastores. A função de seu ofício era receber a verdade de Deus e transmiti-la ao povo, de sorte que os indivíduos pudessem alimentar-se dessa palavra. Os profetas foram em verdade pastores que conduziram as ovelhas aos pastos verdejantes e às águas tranqüilas.

    As multidões se congregavam em tomo de Jesus para ouvir dele uma palavra concernente ao caminho da vida. O Senhor Jesus tinha vindo como Rei de Israel, e em cumprimento das profecias do Antigo Testamento ele estabeleceria um reino sobre o qual governaria. Convidou o povo a entrar nesse reino. Porém as pessoas não encontraram o caminho. Proclamou-se a mensagem de que o Rei estava presente e oferecia o reino; mas o povo não conhecia o caminho para chegar a ele. Os fariseus consideravam-se pastores de Deus. Eram intérpretes da lei de Moisés, nomeados por si mesmos, mas reivindicavam a autoridade de Moisés. Alegavam ser porta-vozes divinos, mas indicavam aos homens um caminho que nunca poderia levá-los a Deus.
    O descontentamento com seus pastores e com o caminho por eles indicado trouxe a multidão ao Senhor Jesus Cristo em busca de uma resposta às indagações: Como pode a pessoa, estar em paz com Deus? Como pode Deus aceitá-la? Como pode alguém tornar-se membro da família do Messias e fazer parte do seu reino?

    Em Mateus 7:15-20 o Senhor proferiu uma severa advertência: "Acautelai-vos dos falsos profetas." Esta multidão era considerada como ovelhas sem pastor; se as ovelhas quisessem entrar no reino do Messias, tinham de seguir o pastor certo; tinham de entrar no caminho que o Messias determina, e para encontrar esse caminho precisavam de um guia. Se dessem atenção aos pastores de Israel, os dirigentes religiosos fariseus, perderiam o caminho. Nunca entrariam no reino do Messias.
    O verdadeiro profeta era uma voz que falava por Deus a fim de mostrar aos homens a verdade divina e guiá-los no caminho de Deus. O falso profeta declarava-se porta-voz divino, mas entregava uma mensagem diferente. Dizia conduzir os homens nos caminhos divinos, mas desviava-os de Deus. Eram falsos pastores.
  
Os profetas do Antigo Testamento advertiram a Israel do perigo dos falsos pastores. Deus disse:
Eis que suscitarei um pastor na terra, o qual não cuidará das que estão perecendo, não buscará a desgarrada, não curará a que foi ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas, e lhes arrancará até as unhas. Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho; a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o braço completamente se lhe secará, e o olho direito de todo se escurecerá (Zacarias 1 1:16-17).

    O profeta predisse que Israel ficaria sob o governo do que Deus chama de pastor "inútil" ou falso. O falso pastor não cuidará "das que estão perecendo", as ovelhas que se extraviaram do rebanho e estavam longe do cuidado e proteção do pastor. Este falso pastor não sairá pelos atalhos em busca da extraviada. Deixará que pereça. O pastor inútil não buscará a desgarrada, nem os cordeirinhos que estão a balir lastimosa-mente distantes da mãe. O pastor não se importará nem se comoverá com o balido triste da ovelha perdida. Ele a deixará morrer e não irá procurá-la. O pastor inútil não "curará a que foi ferida". Era freqüente a perna do animal se quebrar quando ele perambulava pelas colinas. O pastor precisava então carregar a ovelha quando o rebanho saía a pastar, até que o animal estivesse novamente em condições de andar. Para o pastor inútil, a assistência à ovelha ferida era trabalho demais, e ele não seria fiel às suas responsabilidades. Do mesmo modo, não apascentará a "sã". Quando o rebanho houver consumido toda a pastagem, o falso pastor irá descansar à sombra de uma árvore, em vez de conduzi-lo a outros pastos.
    Em vez de cuidar do rebanho, o falso pastor cuida de si mesmo. Ele engorda a ovelha para saborear a delícia de sua carne, mas não cuida do rebanho. O profeta pronunciou a condenação de Deus sobre o braço direito e sobre o olho direito deste tipo de pastor. O braço direito, no Antigo Testamento, significa vigor, e o olho, sabedoria. Uma vez que este pastor trabalhava com sua própria força e poder, e de acordo com sua própria sabedoria, ele seria enquadrado no grupo dos falsos pastores cuja força e sabedoria Deus disse que, no juízo divino, seria reduzida a zero. Assim, Israel fora advertido acerca dos falsos pastores que desviariam o rebanho.

    Jesus Cristo apresentou-se como o Bom Pastor (João 10:1 1). Advertiu a Israel da prevalência dos falsos mestres que competiriam com ele pelo rebanho. Os que não entram pela porta do aprisco, mas sobem por outra parte, são ladrões e salteadores (João 10:1). O Antigo Testamento havia predito que quando o Messias, o verdadeiro Pastor, viesse a Israel, ele nasceria de uma virgem. Os que não afirmavam ter vindo em cumprimento da profecia divina, reivindicavam, todavia, o direito de conduzir a Israel. O Senhor queria dizer que, se os pastores não vinham a Israel na forma predita pela profeta Isaías, eles eram ladrões e salteadores. Estavam usurpando a autoridade de Deus sobre o rebanho. Disse o Senhor: "Todos quantos vieram antes de mim, são ladrões e salteadores" (João 10:8).

    "O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir" (v. 10). De novo: "O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa" (v. 12). Nessas fortes denúncias, o Senhor descreveu a atitude dos dirigentes religiosos para com Israel. Eram profetas sem mensagem. Alegavam ser pastores mas não tinham pastos para as ovelhas, nem água com que dessedentá-las. Enriqueciam-se às expensas do rebanho.

    No Antigo Testamento, muitas vezes a palavra lobo refere-se àquilo que destrói. Ezequiel empregou esta figura, falando de Israel: "Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destruírem as almas, e ganharem lucro desonesto. Os seus profetas lhes passam caiação, tendo visões falsas, profetizando mentiras, e dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado" (Ezequiel 22:17-18). No tempo de Ezequiel príncipes e profetas eram as duas classes dominantes em Israel. Deus comparou esses líderes a lobos vorazes que procuravam destruir o rebanho, que faziam deste uma presa para se enriquecerem, que alegavam apresentar a mensagem de Deus quando na verdade não a tinham.

    Contra este pano de fundo, o Senhor adverte (Mateus 7:1 5): "Acautelai-vos dos falsos profetas", guias religiosos que professam conduzir o povo no caminho da verdade divina porém são profetas para sua própria honra e enriquecimento. Nenhum falso profeta apregoaria publicamente não ter mensagem de Deus e estar entregando uma mensagem do príncipe do inferno. Pelo contrário, ele se apresentaria como porta-voz de Deus oferecendo ao povo uma maneira fácil de encontrar a água da vida e o pão do céu. Quando os falsos profetas entram vestidos de ovelhas, o rebanho os aceita, porque enxerga somente a lã. Não vendo além da aparência externa, as ovelhas se contentam em aceitar lobos no seu meio. Em Israel havia dirigentes religiosos que se diziam pastores de Deus, mas tinham ânimo destruidor e tencionavam enriquecer-se alimentando-se do rebanho. Freqüentes vezes o Senhor falou que os fariseus tinham ganância de poder e lucro material. Desejavam o poder que pertencia ao pastor de Deus, o Messias; desejavam enriquecer-se à custa do rebanho.

    Uma coisa é ser advertido da presença de falsos pastores; outra muito diferente é descobrir o falso pastor no meio do rebanho. Assim, o Senhor indicou o teste pelo qual os homens poderiam determinar se os guias religiosos são pastores verdadeiros ou falsos (Mateus 7:16-18). O teste era muito simples ― examine os frutos. A pessoa com um coração mau, ganancioso, não poderia desempenhar as funções de pastor do rebanho. Aquele que tem coração egoísta nunca se interessaria pelas ovelhas. O indivíduo de íntimo perverso nunca manifestará justiça exterior. "Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?" Claro que não! Por quê? Porque a vida da raiz sempre se manifestará nos frutos que produz. Não é preciso cavar uma figueira e examinar sua raiz para ver se é figueira; veja o fruto. Não é preciso cavar uma videira para examinar a raiz e ver se dá uva. A raiz se evidencia pelo fruto. "Assim toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons" (vv. 17-18).

    Denunciando os fariseus, o Senhor revela que seus frutos exibem a natureza da raiz:

Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos: Na cadeira de Moisés se assentaram os escribas e fariseus [dizendo serem intérpretes autorizados da lei]. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças, e o serem chamados mestres pelos homens (Mateus 23:1-7).
    O que o Senhor dizia era.- "Quando os fariseus lêem a lei mosaica, façam o que eles dizem, mas não imitem o seu procedimento. Por quê? Porque seus corações estão longe da justiça da lei. Por suas obras vocês poderão conhecer a corrupção de seus corações."

    João apresentou o mesmo princípio: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora" (1 João 4:1). O verdadeiro mestre é aquele que diz: "Assim diz o Senhor." O falso mestre é o que rejeita a revelação de Deus e a substitui pela racionalização de sua própria mente. O crente hoje tem a mesma responsabilidade dos que ouviram as palavras de Jesus: "Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas."

    Isaías deu-nos a prova do verdadeiro profeta de Deus: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva" (8:20). A Palavra de Deus é o teste que determina se a pessoa fala a verdade de Deus ou a falsidade. De um coração que nega a Palavra de Deus virá toda sorte de males que demonstram ser falsa sua interpretação da Palavra.

    Em Mateus 23 encontramos algumas das mais severas palavras da Bíblia. Jesus pronunciou juízo sobre os fariseus: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!" (v. 13). "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!" (v. 14). "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!" (v. 1 5). O Senhor pronunciou juízo sobre aquela geração (v. 36) em consonância com o que disse em Mateus 7:19: "Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo."

    Na presença de multidões de falsos profetas, precisamos reconhecer que há somente um Profeta verdadeiro. Numa multiplicidade de pastores, precisamos lembrar-nos de que há somente um Pastor verdadeiro. "Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. ... Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem. ... Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. ... Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim" (João 10:7, 9, 11, 14). Jesus Cristo é o único Pastor, o verdadeiro Pastor, o Bom Pastor. Ele é o Pastor que conhece as suas ovelhas. Ele tem nomeado muitos subpastores, mas a autoridade não está neles. A autoridade está no Pastor. Não é a palavra do subpastor, mas a do Pastor, que é vida. O subpastor é fiel só até onde ele próprio segue o Pastor e conduz as ovelhas no caminho do Pastor. Multidões hoje procuram os homens para obter orientação, sabedoria, conhecimento, mas seguem falsos pastores, para perdição da vida.

    O juízo de Deus está sobre o erro e sobre os que o propagam. A responsabilidade do filho de Deus é acautelar-se dos falsos mestres. Por exemplo, seja cuidadoso quando você liga o rádio. Simplesmente porque ouve um programa religioso não quer dizer que você deva dar ouvidos a ele. Muito ensino falso vem pelo ar. Tome cuidado com aquele a quem você dispensa atenção, quer ouvindo sua pregação, quer lendo os seus escritos, porque muita falsa doutrina anda por aí procedente de falsos profetas que se dizem porta-vozes de Deus. Esses tais nunca podem conduzir a pastos verdejantes e a águas tranqüilas. Só há um Pastor. Ande com ele. Ouça a sua voz. Siga-o de perto, porque só ele pode satisfazer a sua alma.

Fonte: O SERMÃO DA MONTANHA - J. DWIGHT PENTECOST
Andrezinho rupereta

 

 

Uma vida solitária [1]


Eis um homem que nasceu num vilarejo quase desconhecido, filho de uma mulher humilde. Cresceu numa outra vila. Trabalhou numa carpintaria até contemplar os trinta anos e, então, durante três anos foi um pregador itinerante. Nunca possuiu um lar. Nunca escreveu um livro. Nunca ocupou uma posição de destaque. Nunca teve uma família. Nunca foi à faculdade. Nunca pisou numa cidade grande. Nunca esteve a mais de trezentos quilômetros distante do lugar onde nasceu. Nunca fez alguma daquelas coisas que geralmente andam juntas com grandeza. Nada tinha para apresentar como credenciais além de si mesmo... Embora ainda jovem, a maré da opinião pública se voltou contra Ele. Seus amigos fugiram. 
Um deles o negou. Foi entregue a seus inimigos. Passou pelo ridículo de um julgamento. Foi pregado numa cruz entre dois ladrões. Enquanto estava morrendo, seus executores sortearam entre si a única coisa que Ele possuía na terra – uma capa. Quando morreu, foi tirado da cruz e sepultado no túmulo que um amigo, movido de piedade, lhe cedeu.
Dezenove longos séculos se passaram e hoje Ele é a figura central da raça humana e o líder da marcha do progresso. Digo uma grande verdade quando afirmo que todos os exércitos que já se puseram em marcha, todas as esquadras que já se construíram todos os parlamentos que já existiram e todos os reis que já reinaram tudo isso junto não tem afetado a vida do homem sobre a terra de um modo tão poderoso como o tem feito aquela única vida solitária.
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[1] Titulo original - "One Solitary Life".
Fonte: Evidência que Exige um Veredito.
Autor: Josh Mcdowell
Andrezinho rupereta.
Lembre-se a Ganância pode lhe destruir.
A pergunta feita pelo Pastor Pat Campbell nos faz refletir nossa caminhada na vida cristã ele diz:

O que motiva você, adorar e servir, ao Deus vivo que é revelado em Jesus Cristo "




Escute a ministração e deixe Deus edificar sua vida.

link para fazer download da pregação:

http://www.4shared.com/audio/zoebxa0b/6_A_Soberania_de_Deus_no_Livro.html



 



Andrezinho rupereta

O pastor cristão.
O pastor é basicamente um mestre. Essa é a razão pela qual duas qualificações para o presbitério são selecionadas nas cartas pastorais. Primeiro o candidato deve ser “... apto para ensinar” (1TM 3.2). Segundo, deve apegar-se “... firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela” (1Tt.1.9). Essas duas qualificações caminham de mãos dadas. Os pastores têm de ser leais ao ensino apostólico (o didachê) e têm de possuir o dom de ensinar (didaktikos). E, quer ensinem uma multidão (ou grupo), quer uma congregação, quer um indivíduo (Jesus ensinou nesses três contextos), o que distingue a obra pastoral é que ela é sempre um ministério da Palavra.

Uma tarefa dupla.
Os pastores do rebanho de Cristo têm uma tarefa dupla: alimentar as ovelhas (ao ensinar a verdade) e protegê-las dos lobos (ao adverti-las dos lobos). Conforme Paulo explica a Tito, os presbíteros devem apegar-se firmemente à palavra conforme o ensino apostólico, de forma que sejam capazes “... de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela” (Tt.1.9). Essa ênfase é impopular hoje em dia. Dizem-nos, com freqüência, que devemos ser sempre positivos em nosso ensinamento, sem jamais ser negativos. Mas aqueles que dizem isso ou têm de ler o NT ou, após tê-lo lido, discordam dele. Pois o Senhor Jesus e seus apóstolos refutam os erros e incitam-nos a fazer o mesmo. É possível até imaginar se o negligenciar dessa obrigação é a maior causa da confusão teológica de hoje. Se, quando o falso ensinamento aparece, os lideres cristão sentam-se ociosamente e não fazem nada, ou dão as costas e batem em retirada, ganham o terrível epíteto de “assalariados” que não cuidam do rebanho de Cristo (JO. 10.12ss). Assim, isso também será dito dos cristãos, como também foi dito de Israel, que eles foram dispersos “... porque não há pastor algum” e, quando foram dispersos, “... se tornaram comida de todos os animais selvagens” (EZ. 34.5)
Fonte: Cristianismo autêntico / Jonh Stott / Ed. Vida
Andrezinho rupereta

MORTIFICAÇÃO 
UMA ORAÇÃO PURITANA [1]

Ó LEGISLADOR DIVINO,
Envergonho-me de mim mesmo,
pela violação aberta da tua lei,
por minhas faltas secretas,
minha omissão dos deveres,
minha fraca busca dos meios de graça,
minha carnalidade na adoração a ti,
e todos os pecados nos meus atos santos.
Minhas iniqüidades se elevaram acima da minha cabeça:
Minhas transgressões chegaram até aos céus,
e Cristo também as conheceu,
meu advogado junto ao Pai,
a propiciação por meus pecados,
de quem ouço palavras de paz.
No momento, trago pequenas coisas comigo,
tenho luz bastante para ver minhas trevas,
sensibilidade bastante para sentir a dureza do meu coração,
espiritualidade bastante para clamar por uma mente celestial;
mas eu poderia ter feito mais,
deveria ter feito mais,
não tenho me agarrado a ti,
e embora ponhas sempre perante mim infinita plenitude,
não tenho desfrutado dela.
Confesso e lamento minhas deficiências e apostasias:
Lamento minhas inumeráveis falhas,
minha renitência debaixo das repreensões,
abusando da tua clemência,
e negligenciando as oportunidades de ser útil.
As coisas não eram assim tempos atrás;
Oh, chama-me para ti novamente, e permite-me sentir meu primeiro amor.
Que eu possa progredir de acordo com o que tens me proporcionado,
Que minha vontade se conforme às decisões do meu juízo,
minhas escolhas sejam aquelas que a minha consciência aprovar,
e que eu nunca venha a me condenar em nada daquilo que aprovo!

Fonte: Tradução: Márcio Santana Sobrinho / Extraído de: The Valley of Vision: / A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett, p.80.
www.monergismo.com
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[1] Movimento de reforma que a princípio buscava “purificar” a Igreja da Inglaterra após a reforma Inglesa. Os puritanos acabaram concentrando-se na purificação dos indivíduos e da sociedade por meio da reforma da igreja e do Estado de acordo com os princípios bíblicos. Defendiam uma teologia das Alianças e tinham a convicção de que as Escrituras estavam devidamente investidas de autoridade para a conduta do individuo e para a organização da igreja.
Andrezinho rupereta.

Não devemos nos admirar com o fracasso. É edificante ver quando aqueles que caíram se levantam e continuam. Quando nos recusamos nos render à derrota. Nossos fracassos podem ser redimidos e nosso caráter reconstruído. Raramente é possível fazer de conta que nossos fracassos nunca aconteceram ou apagar suas conseqüências, mas quase sempre é possível expiar nossos erros e prosseguir na esperança de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito” (Romanos 8.28)
Mark Eddy Smith / O Senhor dos Anéis e a Bíblia / Ed. Mundo Cristão.
Andrezinho rupereta
Deus Continua sendo bom,independente de nossa situação.


Conta-se que há muitos séculos, numa época em que os homens eram guiados por magos, adivinhos e astrólogos, um poderoso rei sonhou que havia perdido todos os seus dentes, um após o outro. Despertou desesperado e mandou chamar todos os sábios e adivinhos para que interpretassem o seu pesadelo.
Um a um eram chamados à presença do rei, que lhes contava o sonho.
- Que desgraça, meu rei! Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade! – exclamavam todos os adivinhos, pois chegavam sempre à mesma conclusão sobre o que significava aquele sonho.
O rei, enfurecido, mandou matar todos aqueles “sábios” que agouravam o seu reino. Até que não sobrou nenhum sequer. Então chamou os seus servos e ordenou que encontrassem outro adivinho em qualquer lugar da terra que pudesse interpretar-lhe o sonho.
Passado alguns dias, encontraram um simples peregrino, que em terras distantes era visto como um homem de grande sabedoria, e levaram-no à presença do rei.
Este após ouvir o rei contar-lhe o sonho, disse-lhe calmamente:
- Ó poderoso senhor! Viva para sempre, pois teus dias serão tão longos que nenhum dos teus parentes te verá morrer. É este, ó rei, o significado do teu sonho.
A fisionomia do rei iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar metade do seu tesouro ao sábio peregrino. Quando o sábio saía do palácio, carregando sua recompensa, um dos copeiros, admirado, lhe disse ao ouvido:
- Não é possível! A interpretação que você deu ao rei foi a mesma que os seus antecessores deram. Não entendo porque os primeiros ele mandou matar, e a você pagou com todas estas moedas de ouro.
- Lembre-se, meu amigo – respondeu o sábio peregrino – tudo depende da maneira que você fala! Você não precisa ofender ninguém.
A verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que é comunicada que tem provocado os grandes conflitos de relacionamentos.
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa que você retira do seu tesouro “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más” (MT.12.35). 

Você pode lançá-la contra uma pessoa e ferindo-a, ou pode lapidá-la delicadamente e oferecê-la num anel. Certamente assim será aceita com mais facilidade e a pessoa, inclusive, irá agradece-lhe a ajuda.
Fonte: Defesa da Fé/ 58 / ano 8.
Andrezinho rupereta.


Hoje recebi este texto, enviado por uma amiga, texto que me fez refletir um pouco sobre minhas atitudes para com as pessoas que estão ao meu redor, amigo, namorada, família etc... leia o texto e decida Ser Feliz ou ter Razão.




Oito da noite, numa avenida movimentada.
O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos.
O endereço é novo, bem como o caminho que ela consultou no mapa antes de sair.
Ele conduz o carro.
Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda.
Ele tem certeza de que é à direita...
Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida.
Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno.
Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados.
Ele questiona: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, por que não insistiu um pouco mais?
Ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz!!! Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

MORAL DA HISTÓRIA:

Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais freqüência:
'Quero ser feliz ou ter razão?'

Outro pensamento parecido, diz o seguinte:
'Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam'.

EU QUERO SER FELIZ e você? 

Andrezinho rupereta
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