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Author: rupereta servindo sempre


Já dissemos que há em Efésios 5 um aspecto da morte de Cristo que, até certo ponto, é diferente daquele que já estudamos em Romanos. Contudo, este aspecto é realmente o que visa nosso estudo de Romanos, e veremos que é nesta direção que Romanos nos leva, já que a redenção nos leva de volta ao propósito original de Deus.

No capítulo 8, Paulo diz que Cristo é Filho primogênito entre muitos "filhos de Deus" (Rm8.14), guiados pelo Espírito."Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou"  (Rm 8.29,30). Aqui vemos que a justificação leva à glória, glória que se expressa, não em um ou mais indivíduos, mas numa pluralidade: em muitos que manifestam a imagem de Um. 

Este alvo da nossa redenção é, além disso, expresso no "amor de Cristo" pelos que são Seus, descrito nos últimos versículos do capítulo (8.35-39). O que está implícito aqui se torna explícito quando passamos ao capítulo 12, que trata do Corpo de Cristo.

Depois dos oito capítulos iniciais de Romanos já estudados aqui, segue-se um parêntese em que se consideram as relações soberanas de Deus com Israel, antes de se voltar ao tema dos capítulos originais. Assim, para o nosso propósito atual, o argumento do capítulo 12 segue o do capítulo 8 e não o do capítulo 11. Poderíamos fazer um resumo em conjunto destes capítulos, de maneira muito simples: Os nossos pecados são perdoados (cap. 5), estamos mortos com Cristo (cap. 6), por natureza estamos totalmente incapacitados (cap. 7), portanto, dependemos do Espírito Santo que em nós reside (cap. 8), em conseqüência do que "somos um corpo em Cristo"  (cap. 12). E como se isto fosse o resultado e a expressão de tudo o que precedeu, e o alvo visado desde o princípio. Romanos 12 e os capítulos seguintes contêm algumas ilustrações muito práticas para a nossa vida e o nosso andar.

Estas são introduzidas com uma ênfase repetida que se dá à consagração. Em 6.13, Paulo diz: "Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça". Mas agora, no capítulo 12.1, a ênfase é um pouco diferente: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos a Deus por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". Neste novo apelo à consagração, somos chamados "irmãos", ou seja, há um relacionamento mental com os "muitos irmãos" de 8.29. O apelo visa que façamos, num passo unido de fé, a apresentação
dos nossos corpos como "sacrifício vivo" a Deus. Isto vai além do meramente individual, porque implica a contribuição a um todo. 

O "oferecimento" é individual e pessoal, mas o "sacrifício" é coletivo; é um só sacrifício. Nunca devemos sentir que a nossa contribuição é desnecessária, porque se contribui para o serviço a Deus, Ele fica satisfeito. É no culto e no servir que experimentamos "qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (12.2), ou, noutras palavras, compreendemos o propósito eterno de Deus em Cristo Jesus. Assim, o apelo de Paulo a "cada um dentre vós" (12.3) está à luz deste fato divino, que "nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo, e membros uns dos outros" (12.5) e é nesta base que se seguem as instruções práticas.

O vaso através de que o Senhor Jesus pode revelar-Se a esta geração não é indivíduo, e, sim, o Corpo. Deus repartiu a cada um segundo a medida da fé (Rm 12.3) mas, só e isolado, o homem nunca pode cumprir o propósito de Deus. E necessário um Corpo completo para atingir a estatura de Cristo e manifestar a Sua glória. Oxalá pudéssemos verdadeiramente sentir isto!

Assim sendo, Romanos 12.3-6 tira da ilustração do corpo humano a lição da nossa interdependência. Os cristãos individuais não são o Corpo; são membros do Corpo, e, num corpo humano, os membros não têm todos a mesma função. O ouvido não deve imaginar-se olho. Nenhuma oração pode fazer com que o ouvido veja, mas, através do olho, o corpo inteiro poderá ver. Assim, figurativamente falando, talvez tenha apenas o dom de ouvir, mas posso ver através de outros que têm o dom da vista; ou, talvez posso andar, mas não possa trabalhar, de modo que recebo ajuda das mãos.

Este não é apenas um pensamento consolador: é um fator vital na vida do povo de Deus. Não podemos prosseguir uns sem os outros. É por esta razão que a comunhão pela oração é tão importante. A oração em conjunto nos oferece o auxílio do Corpo inteiro, como se vê em Mt 18.19,20. Confiar no Senhor, por si só, talvez não seja suficiente: devo reunir minha confiança à de outros irmãos. Devo aprender a orar o "Pai nosso..." na base da unidade do Corpo, porque sem o auxílio do Corpo não posso prevalecer e triunfar. Isto se torna ainda mais evidente na esfera do serviço.

Sozinho não posso servir eficientemente ao Senhor, e Ele tudo fará para me ensinar esta verdade. Ele porá termo a certas coisas, permitindo que se fechem portas e deixando-me redobrar em vão os meus esforços, até que eu compreenda que necessito do auxílio do Corpo, assim como preciso do Senhor. A vida de Cristo é a vida do Corpo, e os Seus dons nos são concedidos para que contribuamos à edificação do Corpo. O Corpo não é uma ilustração e, sim, uma realidade. A Bíblia não diz apenas que a Igreja é como um corpo; diz que é o Corpo de Cristo. "Nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros". Todos os membros juntos formam o Corpo, porque todos participam da vida dEle — como se Ele mesmo fosse distribuído entre os Seus membros. 
    
Encontrava-me certa vez com um grupo de crentes chineses que achavam muito difícil compreender como o Corpo pode ser um quando os membros são homens e mulheres individuais e separados. Certo domingo, estava para partir o pão à Mesa do Senhor, e pedi-lhes que olhassem muito bem o pão antes de este ser partido. Então, depois de o pão ter sido distribuído e comido, fiz notar que, embora ele estivesse dentro de cada um deles, ainda era um só pão, e não muitos. O pão estava dividido, mas Cristo não está dividido, nem sequer no sentido em que foi partido o pão. Ele continua sendo Espírito em nós, e nós todos somos um nEle. Esta condição é a oposta do homem natural. Em Adão, eu tenho a vida de Adão, mas esta vida é essencialmente individual.

No pecado, não existe união, nem comunhão: Há apenas o interesse próprio, e a desconfiança dos outros. Na medida em que prossigo com o Senhor, passo a ver que não somente deve ser considerado e resolvido o problema do meu pecado e da minha força natural, como também o problema criado pela minha vida "individual", a vida que é suficiente em si mesma e que não reconhece precisar do Corpo e de ser unida a Ele. Talvez tenha solucionado os problemas do pecado e da carne sem, contudo, deixar de ser um individualista convicto. Desejo para mim mesmo, pessoal e individualmente, a vitória e a vida frutífera, sem dúvida pelos mais puros motivos; tal atitude, porém, não leva em conta o Corpo, não podendo, portanto, dar satisfação a Deus. Nesta questão também, é mister que Ele faça com que eu sinta a Sua vontade, senão, permanecerei em conflito com os Seus objetivos.Deus não me censura por ser um indivíduo, e, sim, pelo meu individualismo. O Seu maior problema não são as divisões exteriores e as denominações que dividem a Sua Igreja, e, sim, os nossos próprios corações individualistas.

Sim, quanto a esta questão, a Cruz tem que fazer a sua obra, fazendo-me lembrar que, em Cristo, eu morri para aquela antiga vida de independência que herdei de Adão, e que, pela ressurreição, não me tornei apenas um crente individual em Cristo, mas também um membro do Seu Corpo. Há uma vasta diferença entre as duas posições. Quando percebo isto,imediatamente deixo de lado esta vida de independência, e procuro a comunhão. A vida de Cristo em mim gravitará para a vida de Cristo nos outros. Já não possuo ponto de vista individualista. Os ciúmes se desvanecem. A competição cessa. Acaba-se a obra particular Já não importam os meus interesses, as minhas ambições, as minhas preferências. Já não importa qual de nós realiza a obra. O que interessa é que o Corpo cresça.

Eu disse: "Quando percebo isto..." É esta a grande necessidade: perceber o Corpo de Cristo como outro grande fato divino; ter profundamente gravado em nosso espírito,   por revelação celestial, que "nós, conquanto muitos, somos um só Corpo em Cristo". Somente o Espírito pode nos revelar isto, intimamente, em todo o seu significado e, quando o fizer, isso revolucionará a nossa vida e a nossa obra.

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