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Author: rupereta servindo sempre



Introdução

Bem, não é de hoje e todos nós sabemos, que existe uma guerra declarada entre alguns cristãos, sobre a questão de que "um cristão pode ou não fazer uma tatuagem".

Para efeito de esclarecimento não tenho tatuagem e não tenho nenhum problema com aqueles que as possuem.

Manifesto-me, não porque sou contra ou a favor de tal prática. Manifesto-me porque não aguento mais ver alguns cristãos deturparem um texto bíblico, para justificar seus pré-conceitos. Estes cristãos não respeitam as regras de hermenêutica, para que possam fazer uma interpretação correta da escritura e nem mesmo fazem uso do método gramático, literário e histórico para validarem suas interpretações.

Não devemos nos esquecer de que as escrituras são a nossa única regra de fé e prática. Mas para obtermos uma fé sadia e uma prática alicerçada nos princípios estabelecidos por Deus, temos que ter em alta consideração, uma interpretação correta, usando as ferramentas da hermenêutica, mesmo que isto confronte nossos pressupostos. Vamos para de encher linguiça e vamos direto ao ponto!

Esclarecendo:

Alguns pastores e cristão que são contra a ideia de um cristão se tatuar, usam como base para tal proibição o texto de Levítico 19.28 onde diz:

Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR. ACF
Não façam cortes em seus corpos por causa dos mortos, nem tatuagem em si mesmos. Eu sou o Senhor. NVI
Quando chorarem a morte de alguém, não se cortem, nem façam marcas no corpo. Eu sou o SENHOR. NTLH
Não façam nenhum corte, nem marca nenhuma no corpo, como sinal de luto. Eu sou o Senhor. BV

Bem aqui temos o nosso texto polêmico, para que possamos ter uma compreensão correta do texto devemos lhe fazer algumas perguntas. Perguntas simples porém esclarecedoras.

1- O que o texto está condenando? O texto nos responderá que pelos mortos – eu, tu e ele - não deveremos realizar em nossos corpos, incisões (cortes ou talhos) ou qualquer outro tipo de marca (tatuagem). Isto fica evidente pelo contexto imediato do verso. E as traduções mais modernas traduzem o texto hebraico de uma forma completa fazendo a distinção dos termos incisões e tatuagens.

2- O que isto significava para os judeus? E porque tal lei foi admitida? Estas duas perguntas nos levam de volta ao contexto histórico da época. Para esclarecer este ponto convocarei os escritos de Jamieson – Fausset – Brown que juntos escreveram um comentário exegético e explicativo de toda a bíblia, comentário este que é reconhecido mundialmente, um comentário que junta termos técnicos e princípios devocionais, fundamento em uma teologia reformada.

Veja o que eles dizem:

"Não fareis cortes em vosso corpo por causa de um morto". A prática de fazer incisões profundas no rosto, braços e pernas, no tempo de luto, era universal entre as nações pagãs, e era considerado um sinal desejável de respeito pelos mortos, assim como um tipo de oferta propiciatória para as divindades que presidiam a morte e a sepultura. Os judeus aprenderam este costume no Egito, e até mesmo não estando mais lá, em épocas posteriores voltaram a praticar esta antiga superstição. (Is 15:2, Jr 16:6, Jr 41:5). "nem fareis marca alguma em seu corpo". Por tatuagem marcando por meio de figuras, flores, folhas, estrelas e outros desenhos fantásticos, diferentes partes do corpo. As marcas ou desenhos eram feitos, por vezes, com ferros quentes, às vezes usando tintas, como fazem as mulheres árabes e hindus de certos clãs ainda hoje. É provável que a propensão a adotar tais sinais em honra de algum ídolo deu ocasião a proibição neste versículo, e foram sabiamente proibidos porque eram sinais de apostasia, e, quando se fazia tal sinal, isto se tornava um obstáculo intransponível para a volta. (Veja as referências à prática, Isa 44:5, Ap 13:17, Ap 14:1).[i]

Você pode perceber que tudo fará sentido, quando você observa os detalhes do texto e considera o contexto da época em que ele foi escrito. O que fica evidente neste verso, e que Deus não queria que o seu povo se envolvesse em algum tipo de culto ou ritual pagão, esta é a implicação direta deste texto.

Quando não conservamos o contexto imediato e contexto geral das escrituras, e a forma como o texto foi composto, podemos fazer afirmações bizarras como dizer que Deus tem asas (Sl 36.7) e que Jesus era um cordeiro (João 1.29).

3 – Existe um principio prático neste texto que eu deva submeter a minha vida em honra e glória a Deus?  
Em Levítico 19 existem vários princípios que devemos executar[ii], são princípios morais e ordenanças que visam o bem estar da vida em comunidade [Lv 19.2; 3; 4; 11; 12; 13; 15; 16; 17; 18; 26; 31; 35; 36] os demais versos não são executáveis em nossos dias. Alguém para validar o verso 28 deveria também validar os versos 5-8; 19; 20; 27 etc.

Sendo assim a bíblia nada diz sobre fazer ou não fazer uma tatuagem. Ele não proíbe, porém não incentiva. Eis aí uma questão pessoal.

Algumas coisas que você, que deseja se tatuar deveria levar em consideração:

a) Por que motivo você quer se tatuar?
b) A sua tatuagem de alguma forma trará honra e glória a Deus?
c) A sua tatuagem trará escândalo para a congregação onde você está inserido?
d) “Tudo me é licito, mas nem tudo convém” Já parou para pensar nisto?
e) Seu conjugue, seus pais aprovam? Isto trará problema para o seu relacionamento?
f) Em respeito ao seu conjugue e aos seus pais você seria capaz de abandonar este desejo?

Talvez você não concorde com o que foi exposto, talvez você queira refutar, fique a vontade.

Quem tem argumento não grita e não destrata - discorre!”
Andrezinho rupereta




[i] Comentario Exegetico y Explicativo de La Biblia: Tomo I, El Antiguo Testamento (Spanish Edition) Autores – Jamieson – Fausset – Brown.
[ii] Aqui cabe uma explicação - quando afirmamos que existem princípios que devem ser exercidos e praticados, não estamos afirmando que somos justificados ou aceitos por Deus por cumprirmos a sua lei. A nosso justificação foi conquista por Jesus, ele é a nossa justiça (1Co 6.11). Porém Paulo afirmou que a lei é boa e os mandamentos são justos e bons (Rm 7.12). Então existem princípios que ainda podemos exercer e outros não.

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